Menu

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Previdência x Clubes


            A presença de ex-jogadores na mídia relatando sua falência é comum. A cultura brasileira de não economizar atinge ainda mais no ramo futebolístico. A Latin Panel realizou um estudo e constatou que no Brasil, 74% das pessoas não guardam nem um centavo de sua renda. Apenas 26% dos brasileiros entrevistados têm o hábito de poupar e desses só a metade consegue guardar até 10% do salário que recebe. Uma das explicações para o fato de o brasileiro poupar pouco é que a população ainda está conquistando o sonho de consumo: reformar a cada, comprar uma casa nova e investir na educação da família.
            E a Previdência Social? Os clubes brasileiros de futebol profissional têm dívidas que, somadas, chegam a cerca de R$ 2,4 bilhões, sendo que metade dela é com o Poder Público, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira. O Estado é credor de 57% da dívida, devido a impostos que não foram quitados, contribuições à Previdência Social que nunca foram depositadas e multas por esses atrasos.
            Práticas ilícitas são praticadas pelos clubes com o intuito de fraudar a Previdência Social. Essas operações são realizadas com o intuito de excluir ou reduzir a base de incidência de tributos e contribuições. A ausência de informação, nas folhas de pagamento ou outros documentos fiscais, das remunerações efetivamente pagas ludibria jogadores.
            As explicações citadas no início não se enquadram na vida de jogadores. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ter estabelecido contato com Carlos Gabas, ministro da Previdência Social, sobre a possibilidade de criar um projeto de previdência inteiramente voltado aos jogadores de futebol. Até o término de seu mandato, segundo o portal de Economia UOL, o presidente deseja falar com o Clube dos 13 sobre a capacidade de o governo viabilizar os custos necessários.
            A conversa deveria ter outro tom e outra abordagem. A cobrança nos clubes deve ser feita para que estes arquem suas dívidas com o Estado. O presidente deveria ser mais sensato e implorar para os clubes pararem de tapear o governo.
Está claro que a legislação aplicada aos clubes de futebol provoca desequilíbrio financeiro e atuarial nas contas da Previdência Social, além de constituir privilégio injustificado em relação aos demais contribuintes. Não há dúvida da necessidade de aperfeiçoamento da legislação e, para tanto, é importante a mobilização do Governo, do Congresso Nacional e da sociedade em geral.
            Enquanto isso... Lá vamos nós arcarmos com mais um projeto assistencialista aos clubes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário